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Gildemar Pontes

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Exaustão da racionalidade

23/11/2017 às 10h56 • atualizado em 23/11/2017 às 10h58

Exaustão da racionalidade - Carlos Gildemar Pontes

Quem passou pelo Iluminismo e viu a melancolia morborromântica determinar o comportamento da sociedade pós-industrial, jamais poderia imaginar que a saturação da razão poderia chegar tão longe. Sempre fomos seres bélicos, portanto, assistimos às guerras como sobreposição de modelos ao longo da história. Guerras Santas, guerras sanguinárias, guerras étnico-raciais ou simplesmente guerras de ocupação para submissão de povos e extração de riquezas que causaram as maiores atrocidades da história.

É interessante observar que os povos do hemisfério sul são menos violentos, quando se trata de fazer guerras. Ou talvez sejam pacifistas na base da pobreza. Ou quem sabe tão miseráveis culturalmente que não precisam de uma guerra predatória, porque, antes, já têm seus governantes os maiores sanguinários. Sim, a política de submissão dos países sul-americanos, com raras exceções, tem ditado o tipo de sociedade que estamos nos tornando. Há tanta certeza no controle dos políticos que os grandes trustes econômicos e tecnológicos compram no quilo os deputados e senadores destes países. Quando há qualquer resistência, como houve no Chile ou como agora, como na Venezuela e Bolívia, o boicote começa com a cooptação da direita mais reacionária e estúpida, para que a desestabilização social tenha ressonância entre os que odeiam a igualdade ou a liberdade.

No Brasil, estamos mais abaixo da indignação do que em outros países. O movimento que tomou as ruas em junho de 2013 foi sufocado pelas eleições de 2014 e 2016, quando o grande capital promoveu o golpe para evitar que os que foram às ruas por direitos pudessem ter um governo que lhes dessem abertura para as lutas. E o grande empresariado tratou de comprar deputados e senadores e colocou um capataz serviçal para tomar conta da política de pilhagem que se iniciou com o golpe. O caixa 2 e a propinocracia fizeram parte dos governos de forma aviltante e acintosa. Estamos vivendo o que foi plantado por FHC e Lula. Ambos entregaram o país à farra financeira. As viúvas de FHC querem terminar o que começaram, mas vão ter que esperar o desmanche do PMDB. As viúvas do PT ainda creem cegamente que são de esquerda. E por prática de costurar alianças já estão de linha e agulha na mão atrás do PMDB para não perder a bandeira vermelha como símbolo do socialismo. Enquanto o partido de Lula quis o poder a qualquer custo, o verdadeiro poder, que dá as cartas, que não tem cara, corpo ou nacionalidade, continuará dando as cartas pelo Banco Mundial, pelo FMI, pelo Consenso de Washington, pela NOM infiltrada nas empresas de alimentos e de remédios.

É por causa deste poder anônimo e multinacional que estamos vendo o crescimento de vingadores sem capa, atrás de uma subcelebridade que vomita violência. Tudo por falta de Educação coletiva. É por causa da nossa falta de Educação que o país despenca no processo criminoso de desindustrialização. É por causa da falta de indústria nacional que o país acaba as suas reservas cambiais na troca desleal de matéria prima por produtos industrializados de fora. É por causa da falta de entender grande parte destes problemas que o povo continua elegendo vigaristas e sonhando com a volta de ídolos ou forjando ídolos de araque. Pobre povo brasileiro, sem Educação, resta apenas torcer por times de fora, apagar a sua identidade e correr o perigo de ter uma nação tão imponente sob risco de cair em mãos estrangeiras. E, passivamente, isso pode acontecer sem a gente ter pelo menos um suspiro de revolta. Vivemos a exaustão da racionalidade.

Invoco agora o grande Antônio Conselheiro. Aqui a terra é nossa, se nela crescer alguma coisa para os nossos filhos, fomos nós que plantamos com o nosso sangue.

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

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