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Gildemar Pontes

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O problema é da subserviência

19/02/2018 às 09h36

Presidente Michel Temer

No Brasil, nada se faz fruto de planejamento governamental. Os planos de governo ficam no papel e no discurso. Se pensassem no país, os vencedores das eleições aproveitavam o melhor dos planos de candidatos derrotados e incorporariam aos seus planos.

A questão central hoje para Temer é aprovar a Reforma da Previdência. Isso não é o problema do Brasil e sabemos que sequer há déficit, pelo contrário, a CPI provou que há superávit acumulado. Então, por que tanta sede em torno de uma reforma que afetará a massa de trabalhadores do setor privado e os servidores públicos?

Os acordos firmados com o Banco Mundial e com o FMI, na época do governo de FHC, não puderam prosperar porque havia uma oposição muito forte, representado pela esquerda e pela figura do Lula. Como fazer para mudar a resistência às reformas de interesse dos EUA, das empresas petrolíferas, mineradoras, exploradoras de madeira e recursos da Amazônia? A solução não foi simples, mas impensável para os mais progressistas.

Entrega-se o poder a Lula com a programação de fazer as reformas e acalmar os que controlam o sistema de lucro internacional. Como o Brasil surfou numa onda econômica boa no mercado internacional, Lula pode agradar aos banqueiros e criou programas para minimizar a miséria e distribuir renda. Embora esses programas devessem ser temporários, porque o objetivo era inserir grande contingente de pobres no mercado de trabalho e nas redes de relações do Estado, com carteira assinada, contribuição previdenciária e tudo que deveria ser gerado na arrecadação de impostos e teriam que ser revertidos em benefício da nação, o sucesso eleitoral e o financiamento das campanhas pela arrecadação junto aos empresários comprometeu a política social do governo Lula.

Em duas oportunidades, o governo Lula 1 e 2 agradou ao mercado e à pobreza, que era extrema e em níveis de alijamento quase total. Com a queda do preço do petróleo, a sanha do rentismo, vendo a indústria nacional se estabilizar e os programas sociais gerarem renda aos bancos, era preciso compensar rapidamente as perdas com as crises nas economias tradicionais na Europa e em outros locais. O Brasil passa a ser uma mina para as empresas de capital misto. O que para o governo brasileiro era possibilidade de crescimento através de obras estruturantes, das obras das olimpíadas e da copa, para os rentistas era oportunidade de explorar uma economia sólida e comandada por uma classe política extremamente corruptível. Aí entrou em cena a destruição da máquina pública.

A corrupção foi um meio eficiente de minar as conquistas sociais através do aparelhamento das principais estatais com agentes corruptos e a serviço do bolso e da vida fácil, migalhas, se pensado no lucro que o grande capital teria com tais medidas.
Esse indivíduo que se corrompe não tem partido, não tem ideologia política e não tem pátria. Ele não quer saber como ficará a sociedade depois que ele se der bem. O resultado está sendo visto agora. Caos na saúde, na segurança, na educação e enriquecimento dos homens da justiça e do legislativo de forma descarada e acintosa.

O golpe foi bem orquestrado e a falta de civilidade do povo contribuiu de forma determinante para a anestesia nacional. O país expôs suas deficiências de base intelectual, moral e ética quando seus representantes políticos preferiram servir aos senhores externos a transformar esse país na potência que somos sem saber. O acúmulo de erros e as medidas equivocadas que surgirão como tapa buracos ou como paliativos, em face de gravidade da crise que nos afeta, poderá servir para limparmos esse país do seu maior mal, os políticos sanguessugas. Só levaremos tempo para educar os idiotas que os elegem.

E, se paralelo a isso, não houver investimento maciço em educação de base, para rompemos essa lógica do assistencialismo viciante que alimenta essa forma de gerir o país, estaremos fadados à divisão territorial e à invasão cultural das economias mais vampiras e cruéis.

O fracasso deste país não é de um governo, mas de um sistema que destrói os sonhos e a esperança do povo. E ele não é capitalista ou socialista, ele controla os dois e atua com mais força onde o povo é mais ignorante, mais pobre e com uma elite e intelectualidade extremamente subservientes.

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

Gildemar Pontes

Gildemar Pontes

Escritor e Poeta. Ensaísta e Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, em Cajazeiras. Graduado em Letras pela UFC, Mestre em Letras UERN. Doutorando em Letras UERN. Editor da Revista Acauã e do Selo Acauã. Tem 22 livros publicados e oito cordéis.

É traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Vencedor de Prêmios Literários locais e nacionais. Foi indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005, o principal prêmio literário em Língua Portuguesa no mundo. Ministra Cursos, Palestras, Oficinas, Comunicações em Eventos nacionais e internacionais. Faixa Preta de Karate Shotokan 3º Dan.

Contato: [email protected]

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