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Francisco Cartaxo

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Paixão política e baixaria

14/09/2014 às 17h29

A internet está cheia de baixarias, nascidas em variadas fontes. Preponderam, contudo, aquelas geradas na paixão dos que temem perder o poder em outubro, como aponta o cenário depois da trágica morte de Eduardo Campos. A perspectiva de passar o governo a outras mãos tem levado a liderança e a militância do PT a comportar-se de modo insano, sem respeito aos adversários, sem nenhum pudor, empurrado pelo medo do insucesso eleitoral passível de ocorrer. O temor da alternância democrática do poder tem levado muitos petistas a perder a compostura, fazendo-os agressivos e insanos. 

As redes sociais refletem esse cenário de desespero, tantas são as baixarias dirigidas a Marina. Termos chulos são usados desprovidos de sentido. Declarações inventadas ou distorcidas, ilações forçadas, casos irreais atribuídos àquela candidata transcendem os limites do bom senso. Agridem a inteligência. E provocam indignação até mesmo de lideranças e de simpatizantes do PT. Recuso-me a comentar essas aleivosias. Prefiro focar outro campo, muito embora represente igual desserviço à democracia, como o uso de táticas usadas no passado contra Lula e hoje aplicadas, sem pudor, a Marina. Pura histeria, por exemplo, associá-la a Jânio Quadros em contextos tão diversos!

E mais, faz-se terrorismo com o Bolsa Família, atribuindo a Marina o desejo de eliminar aquela grande conquista social da era Lula, aliás, iniciativa de Fernando Henrique, jamais reconhecida pelo PT. Jogo baixo. O Bolsa Família transformou-se de ação de governo em programa de Estado. Depois, comparam Marina a Collor de Mello, em alusão à previsível fragilidade da base parlamentar, “esquecidos” de que Lula subiu a rampa do Planalto em situação parecida! E adotou o “toma lá dá cá”, sob a alegação de que “eles também fizeram assim”… E seguiram copiando o PSDB na montagem do mensalão. Até o operador foi o mesmo, Marcos Valério, atualmente companheiro de prisão de cabeças coroadas do PT, PP, PTB. E ainda, ao citar Collor, os petistas trazem à cena o incômodo aliado de Dilma, candidato a senador em Alagoas contra Heloisa Helena. Quanta burrice!

Não é só militante anônimo a cair em tais insanidades. 

Humberto Costa, líder do PT no senado, ex-ministro de Lula, tratou Marina com deboche, ao chamá-la de “Fernando Henrique de saia”. Ora, queiramos ou não, FHC é responsável por domar a inflação, devolvendo estabilidade à moeda brasileira. Fato histórico, aliás, nunca reconhecido pelos petistas, mas sentido e aplaudido pela população. Outras figuras próximas ao PT, de larga audiência nos meios acadêmicos e midiáticos, acionam o alarme ideológico e anunciam a catástrofe: Marina governará com a “direita”… Vai entregar-se ao Banco Itaú, levado por Neca Setúbal, filha de Olavo Setúbal… Deus do Céu, como a paixão cega até mesmo mestres e doutores! E apaga a memória. Quem presidiu o Banco Central nos dois governos de Lula? O banqueiro Henrique Meireles. Quem era Meireles? Deputado do PSDB, que saíra da direção internacional do Banco de Boston, poderosa instituição financeira dos Estados Unidos. 

Por tudo isso, vale a pena ouvir quem conhece Marina de perto, o senador do PT do Acre, Jorge Viana: “A ideia de comparar Marina a Collor ou a Janio Quadros é desinteligente. Querer buscar nela desvio ético é também perda de tempo.” Um tiro nas baixarias que inundam as redes sociais pelos próprios companheiros de partido.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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