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Francisco Cartaxo

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Temer e o bandido notório

02/07/2017 às 10h00

Ele vende derivados de boi, porco e frango. É poderoso no mercado de carnes. Aqui e lá fora.Só nos Estados Unidos, o grupo JBS mantém 65 empreendimentos. Multinacional brasileira moderna, espécie de Odebrecht na produção de alimento de origem animal. Os dois gruposalargaramseus lucros, graças à mãozinha dada pelo governo do PT.A Swift -multinacional de origem americana -, foi adquirida pela Friboi em 2007. Coincidência, a Swift, também começou com um açougue e se tronou uma das maiores processadoras de carnes do mundo. Lá como aqui, os “heróis” foram dois irmãos.

Os jovens Joesley e Wesley Batista pegaram o açougue do pai e foram em frente. Ousados, compraram e venderamfazendas,bois, porcos, aviários, frigoríficos. De tanto comprarembois, passaram a comprar deputados, senadores, ministros.Ficaram íntimos do poder. Qualquer autoridade era você.Um igual. Misturavam os destinos do Brasilcom seus negócios. Numa boa. Nos últimos anos lhes garantiam que a solução para eles –os encalacrados na Lava Jato – seria “aprovar a anistia ao caixa dois e a Lei do Abuso de Autoridade”. A lei do abusosegurava a Lava Jato. Alei da anistia legalizava os crimes do passado. E dessa forma, asseguravam a Joesleyque “Tudo voltaria ao normal, voltaria ao controle dos políticos”.

Mas Joesley desconfiou dos políticos.

Esperto, enxergou coisas que não via antes. Por exemplo, “não entendia como funcionava o Ministério Público, não sabia o que fazia um procurador”. Notou “que jantar nenhum com político ia resolver nossos problemas”. Enfim,descobriu “que o Brasil estava cheio de Orcrims”, das quais ele fazia parte e financiava. (Orcrims são organizações criminosas, objeto da lei 12.850, sancionada por Dilma Rousseff em 2013, que disciplina a colaboração premiada). Só então Joesley sentiu a lama encostar no pescoço. Em pesadelo, viu-se preso ao lado de Marcelo Odebrecht.

Joesley teve medo.

Negociou a delação premiada. Entregou extratos bancários,lista depolíticos que ele comprara, revelou segredos de propinas. E gravou a voz de Temer na residência oficial do presidente! Para quê? Para “mostrar aos procuradores que, apesar de três anos de esforços, nada mudou. Os políticos, no topo, não mudaram nada. Isso começa com o número 1, com o presidente da República”. E quem é o número 2? Quis saber o repórter deÉpoca. “É o Aécio, porque era a alternativa. Teve 48% dos votos dos brasileiros e tinha entrado no governo do Temer”.

Temer arretou-se.

Mandou divulgar nota oficial chamando Joesley Batista de “bandido notório” eformulouumaqueixa crimepor calúnia, injúriae difamação.Mas o juiz Marcus Vinicius, da 12ª Vara Federal de Brasília, já disse que não identificou“ânimo de difamar” na fala de Joesley e rejeitou o pedido de Temer. Em outra ação, Temer requer indenização por danos morais.

Michel Temer sabia que Joesley Batista é “bandido notório”. Mesmo assim,o recebeu tarde da noite na residência oficial da presidência…Por que não agendou o encontro no local apropriado? Não parece, masTemer é a maior autoridade do Brasil. Jamais deveria deixar entrar em sua casa um “bandido notório”.

Denunciado por crime de corrupção passiva, Temer não se defende. Acusa. Acusa Rodrigo Janot. Fala em ilações, como o PT fazia no mensalão.Eespinafra a delação de um bandido, que elerecebeuna sombrada noite para papo nada republicano.

O Brasil não merece isso!

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim foi secretário de planejamento do governo de Ivan Bichara, secretário-adjunto da fazenda de Pernambuco – governo de Miguel Arraes. É escritor, filiado à UBE/PE e membro-fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Autor de, entre outros livros, Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras no cerco ao padre Cícero.

Contato: [email protected]

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