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Concurso do STJ: 10 são suspeitos de pagar R$ 83 mil por gabarito

O valor foi cobrado por integrantes da Máfia dos Concursos, incluindo ex-funcionário do Cebraspe

Por Metrópoles

20/12/2018 às 08h45

Próxima etapa é a heteroidentificação de pessoas negras. Resultado final do concurso está previsto para ser divulgado no dia 15 de agosto.

A operação da Polícia Civil que investiga fraude em concurso de 2015 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem como alvos 10 servidores que podem ter desembolsado R$ 83 mil cada para ingressar no órgão. O valor teria sido cobrado pelos líderes da Máfia dos Concursos – Antônio Alves Filho, Hélio Ortiz e o filho, Bruno Ortiz.

“Tendo em vista as provas colhidas, este valor [R$ 83 mil] parece ter sido pago. Uma candidata confirmou que desembolsou isso, e na casa de outra pessoa foi encontrado um recibo de empréstimo de mesma quantia”, destacou o diretor da Divisão de Repressão ao Crime Organizado da Cecor, Adriano Valente, durante coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (19/12).

Os servidores investigados teriam se beneficiado do esquema montado pela Máfia dos Concursos. Alguns integrantes do bando estão presos, outros respondem ao processo em liberdade. O modus operandi do grupo variava. Os criminosos forneciam pontos eletrônicos, aparelhos celulares aos candidatos ou trocavam cartões-resposta durante a fraude.

O esquema contava com a participação de Ricardo Silva Nascimento, ex-funcionário do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), instituição organizadora do concurso do STJ. “Ele era membro da banca e, inclusive, já foi preso há algum tempo por retirar os gabaritos dos envelopes e os substitui-los por um cartão-resposta preenchido com as respostas corretas”, destacou o delegado.

As investigações tiveram início quando um dos candidatos revelou ter tentado fraudar o certame do STJ. A Polícia Civil do DF procurou o Cebraspe, que se prontificou a cooperar com as investigações. A suspeita de fraude no concurso é o principal foco da quarta fase da Operação Panoptes, deflagrada nesta quarta-feira (19/12). A PCDF cumpriu 13 mandados de busca e apreensão.

Nota do STJ
Em nota, o STJ informou que a operação foi deflagrada a partir de suspeitas levantadas pelo corpo técnico do tribunal, que levou em conta o baixo desempenho de servidores aprovados no concurso.

“Em maio de 2016, a equipe da Secretaria de Gestão de Pessoas identificou suspeitas de fraude no Concurso STJ 2015, especificamente para o cargo de técnico administrativo. Na ocasião, 39.592 pessoas disputaram 15 vagas. Para este cargo, foram convocados 167 candidatos até 21 de dezembro de 2017, quando o concurso perdeu a validade”, diz trecho do comunicado do STJ.

Advogado do Cebraspe, Marcos Vinícius Figueiredo disse, durante a coletiva da PCDF, que a banca está à disposição da Polícia Civil e informou que Ricardo Silva Nascimento já havia sido desligado da empresa. “Contratamos também uma auditoria para evitar outros casos de fraude. Para garantir que a sociedade tenha segurança na realização destes tipos de eventos”, assinalou.

Outras fases da operação
Em 28 de março deste ano, a PCDF deflagrou a terceira fase da Operação Panoptes (referência ao monstro da mitologia que tinha 100 olhos). Os alvos eram candidatos beneficiados pelas supostas fraudes em concurso da Secretaria de Educação. Entre eles, seis professores e servidores da pasta que teriam conseguido aprovação em processos seletivos de forma irregular, pagando para serem beneficiados pelo esquema. Segundo a PCDF, aprovados em pelo menos outros 10 concursos foram investigados.

Em outubro de 2017, na segunda fase da Operação Panoptes, 13 pessoas foram presas. O grupo, segundo os investigadores, pretendia fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por meio de ponto eletrônico. Ricardo Silva do Nascimento foi preso preventivamente na ocasião. De acordo com as apurações, ele preenchia os gabaritos dentro do Cebraspe, que é vinculado à Universidade de Brasília (UnB).

Máfia dos Concursos
A primeira fase da Panoptes ocorreu em agosto do ano passado, quando foi preso o líder da Máfia dos Concursos, Hélio Ortiz. A polícia descobriu que candidatos chegavam a pagar até R$ 200 mil para conseguir a aprovação. Primeiro, era dado um sinal entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.

Se o nome constasse entre as primeiras colocações na divulgação do resultado, os aprovados desembolsavam até 20 vezes mais para concretizar o negócio. A suspeita é de que pelo menos 100 pessoas tenham sido beneficiadas com o esquema.

Sob a liderança de Ortiz, ex-servidor do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), o esquema envolvia funcionários de bancas organizadoras e até o dono de uma faculdade que fornecia diplomas de curso superior aos candidatos.

Fonte: Metrópoles - https://www.metropoles.com/distrito-federal/concurso-do-stj-10-sao-suspeitos-de-pagar-r-83-mil-por-gabarito

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