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Pelo 14º ano seguido, Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis; Pernambuco tem maior índice

131 pessoas trans e travestis foram assassinadas em 2022, os números fazem parte do Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, da Antra. De acordo com o relatório, o Brasil está em primeiro lugar seguido por México e Estados Unidos

Por Diário

27/01/2023 às 16h55 • atualizado em 27/01/2023 às 17h02

Bandeira da visibilidade trans. (Foto: Daniel Knighton/Getty Images)

Em setembro de 2022 as margens da BR-230, em Sobrado na Paraíba, Rauany de 24 anos, mulher trans, foi assassinada a tiros. De acordo com a Polícia Civil, a vítima estava com uma amiga quando pessoas passaram de carro e falaram com as duas, minutos depois o carro voltou e um dos ocupantes atirou em direção a elas, Rauany foi atingida e morreu no local.

Rauany foi mais uma das 131 pessoas trans e travestis assassinadas no Brasil em 2022. Os números fazem parte do Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). De acordo com o relatório, o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo. México e Estados Unidos aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Nesta quinta-feira (27) foi divulgado e entregue ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, o dossiê que indica que mulheres trans e travestis têm até 38 vezes mais chances de serem assassinadas em relação aos homens trans e às pessoas não binárias.

Das 131 mortes em 2022, 130 foram de mulheres trans e uma de um homem trans;

A vítima mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos;

Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos.

A secretária de Articulação Política da Antra, Bruna Benevides, falou ao Portal Uol que as mortes de 2022 não representam uma queda em relação a 2021, onde houveram 140 casos, pois há subnotificação dos casos e a diferença é pequena. Ela falou ainda que é preciso a criação de políticas públicas para além das questões ligadas ao sistema de justiça ou segurança pública para combater a violência contra pessoas trans e travestis.

“Precisamos de destinação de recursos públicos e uma intensa atualização e formação com qualificação contínua e periódica para os agentes do Estado. Em todas as suas pastas e âmbitos”, disse Bruna.

O pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Dennis Pacheco, também falou da necessidade de políticas públicas para essa população. “Estamos falando de pessoas trans que precisam de política de educação, de saúde, de assistência social, de trabalho. Pessoas que precisam de acesso aos direitos básicos”, falou ao Portal Uol.

O projeto internacional Trans Murder Monitoring (monitoramento de assassinatos de pessoas trans, em tradução livre) reuniu dados de 80 países onde mostram que das 4.639 mortes registradas entre 2008 e setembro de 2022:

1.741 ocorreram no Brasil (37,5% do total);

649 no México (14%);

375 nos Estados Unidos (8%);

O levantamento indica que 68% dos casos acontecem na América Latina e Caribe.

Perfil das vítimas

O perfil das vítimas no Brasil continua o mesmo de outros anos: mulheres trans e travestis negras e empobrecidas que tem a prostituição como fonte de renda mais frequente. Segundo o dossiê da Antra.

76% das vítimas eram negras;

24% brancas.

Nos últimos seis anos, desde que a associação passou a ser responsável pelo levantamento anual das mortes – antes feito apenas pelo GGB (Grupo Gay da Bahia) – foram ao menos 912 assassinatos de pessoas trans no Brasil. A média anual é de 121 casos.

Gráfico de assassinatos de pessoas trans no Brasil (Imagem: Reprodução/Antra)

Pernambuco foi o estado que mais registrou assassinatos, com 13 casos, seguido por São Paulo (11), Ceará (11), Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (8) e Amazonas (8).  A Paraíba é o quarto estado do Nordeste com maior número de assassinatos de pessoas trans, onde em 2022, foram registrados 4 assassinatos; em 2021, 2 assassinatos; em 2020, 5; em 2019, também 5; em 2018, 5; e em 2017, 10 assassinatos. A maior parte dos crimes (61%) aconteceu em lugares públicos, principalmente em ruas desertas e de noite.

41% das vítimas foram mortas a tiros;

24% facadas;

16% espancamentos/estrangulamentos.

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