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Trabalhadora doméstica é resgatada de trabalho análogo à escravidão em cidade da Paraíba

A mulher cuidava de 100 cães e teve seu colchão tirado para as cadelas em trabalho de parto. Há 39 anos a trabalhadora vivia nessa residência e nunca teve direito a passar mais de quatro dias fora

Por Luiz Adriano

04/02/2022 às 12h23 • atualizado em 04/02/2022 às 13h36

O resgate foi feito na última quarta-feira (02). ( Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM)/Divulgação).

Uma senhora de 57 anos que trabalhava como doméstica em uma residência na cidade de Campina Grande, foi resgatada após denúncia de que vivia em situação análoga à escravidão. O fato aconteceu na última quarta-feira (02) através de uma operação deflagrada pela auditoria-fiscal do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), Polícia Federal (PF) e Defensoria Pública da União (DPU).

A vítima é natural do município de Cuité, no Curimataú paraibano, e teria saído de sua cidade aos 18 anos.

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A mulher limpava fezes e urina de 100 cachorros todos os dias. ( Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM)/Divulgação).

Conforme apurado pelos órgãos fiscalizadores, a mulher tomava conta da casa e ainda cuidava de 100 cães.

Ao portal G1/PB, a auditora-fiscal do trabalho, Lidiane Barros, detalhou como era a rotina da mulher:

“Cuidava dos patrões idosos, limpava a casa, arrumava e cozinhava, além dos cuidados com a matriarca da família que ficou acamada e com dificuldades de locomoção. Ainda, a empregada vivia um processo de coação psicológica que a levava a aceitar as condições indignas de trabalho com afirmações de que ela teria responsabilidades com os idosos por ser uma pessoa considerada da família”, descreveu.

Segundo a auditora, a doméstica iniciava suas atividades por volta das 7h e se estendia até mais de meia noite. O trabalho intenso com as dezenas de animais como, limpar os canis, as fezes e urinas dos cães, perdurava o horário intenso dos serviços.

As investigações apontam ainda que mesmo a mulher recebendo seus proventos, ela nunca teve direito de passar mais de quatro dias fora de seu ambiente de trabalho.

DOENÇA

A trabalhadora doméstica relatou que está com um problema em suas unhas das mãos, que segundo ela, começou após ter contato constante com sabão e água sanitária, além de viver diariamente com as mãos dentro d’água. Ela disse que sente dor, inchaço e coceira nas unhas.

De acordo com os órgãos fiscalizadores, é possível que esses sintomas sejam decorrentes do contato diário com urina, fezes e vômitos dos animais do canil os quais ela cuidava.

Devido à natureza do trabalho a qual a trabalhadora fazia todos os dias, acabou adquirindo um problemas nas unhas. ( Foto: Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM)/Divulgação).

COLHÃO

Outro ponto estarrecedor, é que a trabalhadora relatou que o colchão que ela dormia, foi transferido para as cadelas em trabalho de parto. A partir daí ela passou a dormir em um colchão de solteiro juntamente com uma idosa da casa, a qual ela também era cuidadora.

VOLTA PARA CASA

Após o resgate, a senhora retornou para casa de seus familiares na cidade de Cuité.

O empregador foi notificado e terá que pagar todos os direitos trabalhistas à sua ex-funcionária.

O caso só foi possível através de uma denúncia anônima feita no Disque Direitos Humanos através de ligação ao número 100. Denúncias de trabalho desta natureza, podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê.

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