header top bar

section content

ESPECIAL: Marcelo Queiroga conta bastidores do governo Bolsonaro e afirma: “Não vi gabinete do ódio nenhum”

Na série de entrevistas especiais de fim de ano realizadas pela TV Diário do Sertão, o médico Dr. Saulo Viana bateu um papo exclusivo com Marcelo Queiroga, que foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro e em 2024 vai disputar a eleição para prefeito de João Pessoa

Por Luiz Adriano

18/12/2023 às 17h58

Na série de entrevistas especiais de fim de ano realizadas pela TV Diário do Sertão, o médico anestesista Dr. Saulo Viana bateu um papo exclusivo com o médico cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, que foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro e em 2024 vai disputar a eleição para prefeito de João Pessoa.

Gravada no estúdio da TV Diário do Sertão e do Portal Diário em João Pessoa, durante 1 hora e 30 minutos, Marcelo Queiroga falou sobre vários assuntos, entre eles: a sua atuação diante da pandemia da covid-19, a escolha do seu nome para ministro, bastidores do governo Bolsonaro, eleições 2024 em João Pessoa, entre vários outros temas polêmicos (entrevista completa abaixo).

Em um trecho da entrevista, quando ressaltava a relação de aprendizado e confiança que teve com o ex-presidente, Queiroga negou a existência do chamado ‘gabinete do ódio’, que seria um esquema de espionagem ilegal e produção e divulgação em massa de fake news para fomentar perseguição contra adversários de Bolsonaro.

“Não vi gabinete do ódio nenhum. Gabinete do ódio existe hoje”, disse Marcelo Queiroga

Embora o ex-ministro da Saúde negue, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, afirmou à Polícia Federal que três assessores presidenciais utilizavam a estrutura do governo, em uma sala do Palácio do Planalto, para produzir parte do conteúdo que o então presidente difundia para seus contatos e nas redes sociais. Segundo a investigação da PF, o material continha ataques às instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF).

O depoimento de Cid foi prestado em 28 de agosto como parte de seu acordo de delação premiada – firmado com a PF e homologado em 9 de setembro pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. A íntegra do material ainda não foi tornada pública.

Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde (Foto: TVDS)

Confiança de Bolsonaro e crítica a setores de mídia

Marcelo Queiroga disse que apesar da postura aparentemente fechada de Bolsonaro, o ex-presidente teve um papel importante na gestão do paraibano à frente do Ministério da Saúde, sobretudo quando Queiroga conquistou a confiança do então chefe.

“Quando ele dava apoio, podia vir um tsunami, que ele estava do seu lado” – Marcelo Queiroga, sobre Bolsonaro.

O médico conta que no começo da sua gestão, a grande mídia o apoiou porque o momento era dramático (referindo-se à pandemia). No entanto, segundo ele, parte da imprensa começou a tentar jogá-lo contra o presidente. “Como eles não conseguiram, começaram a dizer que eu e Bolsonaro era a mesma coisa”, completa.

SUS

Marcelo Queiroga enalteceu o valor do Sistema Único de Saúde (SUS) e destacou que foi através dele que o Brasil conseguiu conter o avanço da pandemia no país.

“Foi com o SUS que nós conseguimos superar essa emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da covid-19”, disse o ex-ministro.

LIVRO

O médico Saulo Viana, em vários momentos, utilizou o conteúdo do livro de Marcelo Queiroga, chamado “Queiroga – O homem, o médico e a pandemia.

Marcelo Queiroga falou que o livro é um registro de sua trajetória desde a época em que estudou no colégio até a parte final de sua passagem pelo Ministério da Saúde.

“É um livro auto biográfico em que eu conto a minha história e o que me fez chegar até o Ministério da Saúde”, explicou.

Capa do livro do ex-ministro Marcelo Queiroga (Foto: Divulgação)

PANDEMIA: ESCOLHA COMO MINISTRO, DESAFIO E EXPERIÊNCIA

Formado em medicina e especializado em cardiologia no ano de 1988, o paraibano ressaltou que jamais imaginou ser ministro da Saúde e falou sobre o desafio de assumir o cargo em meio a uma crise mundial de saúde pública. Ele foi o 4º ministro da Saúde no governo Bolsonaro. Antes haviam passado pela pasta, Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.

“Nunca imaginei na minha vida que eu iria ocupar o Ministério da Saúde e muito menos numa situação de uma emergências de saúde pública, diante de uma pandemia”, disse Queiroga.

Ele enfatizou que sua experiência de vida e de profissionalismo lhe ajudaram a enfrentar os desafios e conseguir êxito. “Acho que com o que aprendei ao longo da minha vida, já tenho 57 anos, usei para ajudar o Brasil naquele momento de dificuldade”, pontuou.

“Quando assumi o Ministério da Saúde eram 3.600 óbitos por dia […]. Com mais de 30 anos de médico eu nunca imaginei que teríamos uma emergência dessa magnitude, o sistema de saúde entrou em colapso”, completou.

PARAIBANO RAIZ

Ainda sobre os desafios, Marcelo Queiroga disse que sempre acreditou que as muitas polêmicas que acabaram derrubando os outros três ministros não iriam conseguir lhe afetar, visto que, por ser paraibano, sabe lhe dar com obstáculos.

“Só que eu nasci aqui na Paraíba, eu sou acostumado a lhe dar com dificuldades, inclusive conheço as dificuldades do povo que lida aqui com a seca. Esse negócio não ia me atingir, porque eu sabia como ia resolver isso”, frisou o ex-ministro.

Esta foi a primeira vez que o médico Marcelo Queiroga foi entrevistado por outro médico – Foto: TVDS

MOMENTO MAIS DIFÍCIL

Marcelo Queiroga relatou que o momento mais complicado foi quando tomou posse, devido ao número de óbitos e do risco de colapso no sistema de saúde.

“Eu ficava muito receoso, de haver uma crise de abastecimento de oxigênio, de faltar insumos para o chamado kit de intubação […]”, contou o médico.

CLOROQUINA

Um dos temas polêmicos tratados durante a entrevista foi sobre a questão da Cloroquina, medicamento que, à época da pandemia, teria sido incentivado pelo ex-presidente Bolsonaro como remédio que poderia combater os efeitos da covid-19. No entanto, segundo Queiroga, o ex-chefe do Executivo nacional apenas reproduzia o que alguns médicos lhe falavam. Ele disse também que grandes hospitais brasileiros usaram o medicamento.

“O que se viu foi que ao logo do tempo esse medicamento não tinha o efeito desejado”, falou acrescentando que “para o ministro da saúde, o que deve ser incluído nas diretrizes do sistema público, nos protocolos clínicos, tem que ser assentado em evidências científicas de boa qualidade”, detalhou.

“O Ministério da Saúde em nenhum momento estabeleceu, seja na minha gestão ou gestões anteriores, nenhum tipo de protocolo para o uso de nenhum tipo de tratamento desse”, explicou.

O ex-ministro alega que o que houve foi uma nota técnica orientando sobre o uso do medicamento, porque as pessoas estavam usando doses muito altas.

Quem conduziu a entrevista foi o também médico, o anestesista Dr. Saulo Viana – Foto: TVDS

SAÚDE PÚBLICA MELHOROU

De acordo com Marcelo Queiroga, a saúde pública do Brasil, após pandemia, melhorou. Ele disse que os leitos de UTI aumentaram de 23 para 46 mil. O médico ressaltou que hospitais e outras unidades de saúde também foram equipados e que 17 mil respiradores foram distribuídos pelo Governo Federal. Em seu livro, ele diz que “ficou um legado permanente”.

“O sistema de saúde está mais forte”, disse Queiroga acrescentando que no Brasil há 48 mil Unidades de Saúde da Família (UBSF) e dessas, pelo menos 38 mil aplicavam vacinas na época da pandemia.

VACINAS

Outro tema polêmico tratado durante a entrevista, foi sobre a atuação do governo Bolsonaro com as vacinas contra a covid-19, fator que foi bastante criticado pela esquerda.

Queiroga afirmou que já tomou 5 doses do imunizante, mas que nunca concordou com a obrigatoriedade da vacina. Ele rebateu a fala daqueles que criticam o ex-presidente dizendo que houve atraso na chegada das vacinas ao Brasil.

“Não houve negligência nenhuma em relação à aquisição de vacina, tanto que só quem não tomou vacina foi quem não quis”, enfatizou ao explicar que “a Pfiser não se responsabilizava pelos evento adversos. As consultorias jurídicas do Ministério não deu um parecer favorável para que o Ministério adquirisse aquelas vacinas sem a indústria se responsabilizar, e o ministro não pode passar por cima da consultoria jurídica”, detalhou.

“Foi necessário o Congresso Nacional aprovar uma lei dizendo que o Ministério podia assumir essa responsabilidade, só assim foi viável a aquisição da vacina”, acrescentou.

O ex-ministro ressaltou que “o Brasil não atrasou vacinas e que quando assumiu era 300 mil doses por dia, e rapidamente passou para 2,5 milhões de doses por dia”.

Dr. Saulo Viana apresentando o Livro do Dr. Marcelo Queiroga – Foto: TVDS

CONSÓRCIO NORDESTE

Queiroga criticou os governadores do Nordeste que, segundo ele, disseram que iriam adquirir respiradores e 40 milhões de doses de vacina e não teriam cumprido com o que disseram. “Falam muito e fazem pouco”, desaprovou.

CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 acusa Marcelo Queiroga de estimular o uso de medicamento sem eficácia comprovada e, por isso, o médico está incluso em acusação de crime de epidemia com resultado final morte. Ele rebateu a postura da comissão.

“Imagina, quando assumi o Ministério era 3.600 óbitos, quando sai era menos de 100 por covid”, argumentou.

Outro ponto denunciado pela CPI, segundo o ex-ministro, diz que ele teria prevaricado no caso da vacina Covaxin, relatando que o médico teria comprado doses do imunizante. “Não comprei uma dose de vacina Covaxin e o contrato que tinha foi assinado na gestão anterior porque precisava. Nunca teve registro na Anvisa. Quando começou a surgir denúncias, exonerei o servidor que foi imputado”, explicou.

O cardiologista criticou o governo atual e citou o caso da vacina da Dengue que, segundo o paraibano, tem sido negligenciada pelo Ministério da Saúde.

“Enquanto os verdadeiros prevaricadores estão ai de volta, esses pilantras que estão ai no governo atual, só tem pilantras. Veja ai o caso da vacina da dengue. Uma vacina testada. Este ano de 2023 nós temos mais de 1 milhão e 300 mil casos de dengue no Brasil, mais de 700 óbitos por dengue, mais de 15 mil casos graves e uma vacina testada aprovada pela Anvisa com recomendação da OMS e o Ministério da Saúde não quis nem saber”, criticou.

“GABINETE DO ÓDIO”

Queiroga disse que conheceu Bolsonaro em 2018 e enfatizou que aprendeu muito com o ex-presidente. “Para mim foi um período de aprendizado. É uma pessoa muito experiente, tá na cena política desde 1988”, disse, ao lembrar que Jair Bolsonaro lhe orientava em pautas mais complexas que envolvia política por exemplo, e quanto às questões técnicas ficava por sua conta.

Entrevista especial com o ex-ministro da saúde, Marcelo Queiroga – Foto: TVDS

CENTRO DE ONCOLOGIA NO SERTÃO

O médico Saulo Viana perguntou a opinião de Queiroga quanto à possível construção de um Centro de Oncologia no Sertão da Paraíba. Ele respondeu de forma técnica e relatou que é preciso fazer um estudo detalhado.

“Tem que ver a questão epidemiológica. À primeira vista sim, mas isso precisa ser feita uma análise demográfica, epidemiológica e fazer isso dentro do critério do Ministério da Saúde”, pontuou.

2024

Pré-candidato a prefeito de João Pessoa nas Eleições 2024 pelo Partido Liberal (PL), Marcelo Queiroga criticou a atual gestão e disse que seus planos é melhorar a cidade que é sua terra natal.

“Meus planos é oferecer o nosso nome aqui como candidato a prefeito. Esperar que a população de João Pessoa me dê a honra de ser o prefeito de João Pessoa para melhorar a cidade de verdade, porque tem gente ai que diz que cuida da cidade, mas não cuida de verdade”, disse.

Por último, o ex-ministro da saúde desejou felicitações de Natal e ano novo aos paraibanos. “Que essa mensagem natalina ela consiga se difundir entre todos nós especialmente os meus conterrâneos paraibanos, para que tenhamos um ano de 2024 repleto de êxito para todos nós”, concluiu.

ENTREVISTA COMPLETA


MAIS FOTOS

Este slideshow necessita de JavaScript.

PORTAL DIÁRIO

Recomendado pelo Google: